A Sanidade Internacional tem como objectivo primordial a prevenção e controlo da expansão das doenças, no contexto internacional, com a mínima interferência na circulação de pessoas e no comércio. Este objetivo torna-se particularmente atual no contexto da globalização, mobilidade e fenómenos migratórios, sobretudo do hemisfério sul para o norte. Se a estes acontecimentos, somarmos as alterações climáticas e ambientais que promovem o alargamento das áreas endémicas, com a expansão de vetores, trazemos à ordem do dia, e uma vez mais, o Regulamento de Saúde Internacional.
O atual surto de febre amarela em Luanda traduz, entre vários fatores, a inexistência de medidas de controlo, tais como elevadas taxas de cobertura vacinal para a febre amarela, que pressupõe uma rede de frio eficaz e recursos humanos treinados, a desinsetação para controlo da população de aedes aegypti e, a médio e longo prazo, uma rede de abastecimento de água e uma rede de saneamento básico, que permitam o controlo dos criadouros.
A emergência em saúde pública que o atual surto representa, obriga a ativação dos planos de contingência, onde, entre outras medidas, as de maior impacto serão uma campanha massiva de imunização dos susceptíveis, o tratamento dos casos e isolamento dos mesmos, evitando o aumento da população de vetores infetados. A imunização atempada dos viajantes internacionais que se deslocam para Luanda contribui, também, para o controlo do surto.
A existência de aedes aegypti na Madeira, tornam particularmente sensíveis as medidas de controlo à entrada dos viajantes internacionais provenientes de Luanda. Assim, a medicina do viajante e os serviços de saúde pública locais deverão estar particularmente atentos.
Delfina Antunes
Coordenadora da Sanidade Internacional Região Norte
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